31.3.06

today feels so good to be me...

Brigada Anti-antitabagista VI

"Lauren Bacall, por favor
Conheço pessoas que não fumam. E conheço pessoas que não fumam e não querem que os outros fumem. As primeiras são infelizes. As segundas são miseráveis. Miseráveis mas realizadas: no mundo moderno, não fumar é marca de saúde física, mental --e, atenção, gente, moral também. Basta ver as medidas sanitárias que a Europa pretende aplicar. A curto prazo, os pacotes de cigarros dos europeus terão imagens-choque para afastar fumantes ativos ou passivos, presentes ou futuros. Como no Brasil. Mas pior, muito pior que o Brasil: corpos mutilados pelo câncer, cadáveres putrefatos. E, claro, a imagem triste de um pênis triste, precocemente arruinado. A idéia não é prevenir. Os fanáticos querem mais: querem humilhar o fumante, enfiar o fumante numa jaula de circo e dizer: "Olhem só como é decadente! Olhem só como é impotente!" Hitler não faria melhor.
Exagero? Longe disso. Robert Proctor, que as patrulhas higiênicas deviam ler, explicou tudo em The Nazi War on Cancer (Princeton University Press, 379 pp.). A leitura de Proctor é arrepiante mas a tese é magistral: as campanhas antitabagistas do mundo moderno nasceram na Alemanha das décadas de 1930 e 1940. Nasceram com a preocupação nazi em combater o vício e, óbvio, humilhar publicamente os viciosos. Humilhar consumidores de morfina. Cocaína. Coca-Cola. E enfiar os fumantes no gueto da vergonha social. Quando Hitler chegou ao poder em 1933, o tabaco era reconhecido como semente do mal. Causa de tudo.
Infertilidade. Impotência. Câncer. Enfarte. Comunismo. Uma ameaça direta à pureza da raça ariana e sua excelência física e mental. O próprio Adolfo se empenhou pessoalmente no caso. Ele não fumava. Ele gostava de dizer que não fumava. Nem ele, nem Mussolini, nem Franco --tudo boa gente. Pelo contrário: Churchill e Roosevelt eram conhecidos fumantes, exemplos de ruína pessoal e moral. A evitar.
Falou e disse: a partir de 1933, as campanhas estavam nas ruas. Gigantescas imagens onde o fumante típico era tratado como débil sem dignidade ou vergonha (tradução: um judeu manipulador que introduzira o cigarro na Alemanha para exterminar o povo nativo). Ninguém escapou. As donzelas viciosas eram pintadas em pose masculina, a versão clássica da 'mulher com barba', fenômeno de circo para horrorizar a burguesia. E homens fumantes eram seres sexualmente arruinados, com traços femininos, lânguidos, tristemente adocicados. O tabaco surgia em sagrada aliança com tudo que era condenável. Jazz. Swing. Álcool. Jogo. Cupidez. Devassidão. Orgia.
Azar: seis anos depois, os alemães estavam fumando a dobrar. Em 1933, o alemão médio fumava 570 cigarros por ano. Em 1939, antes da Segunda Guerra, fumava 900. Proctor avança razões. Todas elas sublinham o essencial: fruto proibido é mais apetecido. Histórica clássica. Bíblica. Razão de nossos prazeres e nossas desgraças. Ninguém deixa de fumar por causa do fanatismo de terceiros. Pior: o fanatismo de terceiros acaba por ser inútil --e até contraproducente. Conheço gente que não fumava -- e começou só por rebeldia. O velho spleen de que falava Baudelaire. Existe nos seres humanos um mecanismo de destruição que é preciso compreender, aceitar e tolerar. Se o mundo fosse feito de anjos, etc e tal.
Fumar faz mal. Mas também faz bem: as pessoas que fumam são mais tolerantes, mais calmas, mais interessantes. E invulgarmente mais pecaminosas. Uma mulher é uma mulher. Uma mulher que fuma é uma mulher que arrasa. Por isso proponho: todos os pacotes de cigarros deviam ter duas imagens. De um lado, o pênis caído. Do outro, Lauren Bacall chupando um Marlboro clássico. De um lado, pulmões enfiados em sujeira. Do outro, o rosto de Bacall enfiado em fumaça.
Fazemos assim: vocês ficam com o pênis, eu fico com Lauren."
From: João Pereira Coutinho
P.S.(1) - Está um bocado abrasileirado, apesar de JPC ser português porque foi escrito para ser publicado nas terras de Vera Cruz
P.S.(2) - Primeira e ultima vez que transcrevo JPC. Promessa, promessa.

30.3.06

amor

arde sem se ver?

as vidas da gente

"Há momentos que as coisas urgentes se sobrepõem às coisas importantes" Josep-Lluís Carod-Rovira saindo de alta do hospital depois de um ataquezinho cardíaco, deixando por uns dias a sua luta pela independência catalã...

Condição: Arquitecto VII

"Aquele que, aparentemente adormecido, nunca dorme" James Fergusson

29.3.06

o facto do dia a rimar em ão

Esqueçam o código laboral em França; esqueçam o cessar fogo da ETA; esqueçam os helicópteros no Iraque, o Urânio do Irão, e a paz do Afeganistão; esqueçam a Champions, o Barça e o Simão; esqueçam a gripe das aves, as vacas loucas, e a contrainfromação; esqueçam de Israel a votação e do Hamas, na Palestina, a eleição; esqueçam; esqueçam tudo; esqueçam depressa e até mais não. Tudo, mesmo tudo, é irrelevante quando eles (e não elas) se apregoam só de duas pernas e se esquecem (sim, eles também esquecem), a complexidade e a contradição.

Post it

Só para variar da 'bola' e antes mesmo de me dedicar ao ofício que me compete, recomendar-vos dois bloguezitos à maneira que descobri nas ultimas duas semanas, primeiro o do grande sacana armado em Willie Fogg, depois a da doçura de blogue que tem a outra vida da Verónica. Viajem. Viajem muito. Arejem. Respirem fundo. Dêem uma espreita. Vão lá.

Sonâmbulo

sonha-se acordado, sempre e quando, depois de mais de uma década, se está novamente a 270 minutos da final.

Café da Maña XXVIII

Caminho altivo e flutuante por entre as insondáveis razões da bola que rola, entre vinte e dois previlegiados milionários e quarenta e quatro pernas dopadas. É este o futebol do qual posso tranquilamente passar de borde, é este Benfiquinha que quase sempre me enseja matar de taquicardia. Para a história ficará. Para além do consumo de um maço de cigarros inteiro, um brilhante, honroso e de chama acesa, 0-0.

28.3.06

favor fazer

FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS FIGAS

Mais uma noite, na noite III

Não deixe para amaña a dívida que pode contrair já hoje, de maña

Noventa-e-picos por-cento dos anúncios da TVE no período da manhã são de seguros de carros, de velhice, de vida, de casa, benefícios para comprar a casa e o carro e a máquina de lavar e triturar e cozer e coser com que sempre sonhou e linhas de crédito por telefone, por fax, por internet, por telepatia, por necessidade, por diversão, por tudo e por nada.

Vamos a ela

Bamos lá cambada, todos à molhada! Qu'isto é futebol total!

23.3.06

Nem ateniense, nem grego.

Eu também. Volto algumas vezes a este texto. E também. Volto algumas vezes a este texto.
Como sempre dizia Jorge Perestrelo: "eu sou todo o mundo e todo o mundo é meu"...

(M)ETA à vista?

"Antes que os histéricos da paz sem memória se ponham aos saltinhos convém lembrar que:

- Através desta declaração de "alto el fuego" a ETA não renuncia expressamente às armas. Declara-se, isso sim, "comprometida" para permitir o "processo democrático" onde sejam reconhecidos os direitos dos bascos como "Pueblo".

- Ao invocar-se como estandarte dos direitos de "todos os bascos", ETA esquece deliberadamente os milhares de "ciudadanos y ciudadanos vascos" que durante décadas têm sido extorquidos, assassinados, mutilados e reprimidos graças a uma visão radical e ditatorial da democracia.

- O chamamento que ETA faz aos Estados espanhol e francês para que aceite de maneira "positiva" e deixe de lado a "repressão" não é mais que uma chantagem com todas letras e sem a menor vergonha na cara.

- O "por fin ha empezado" de Zapatero não deve passar de um optimismo moderado, sempre tendo em mente que todas as tréguas anteriores foram armadilhas e que todas (todas) acabaram em sangrentos atentados onde morreram políticos, jornalistas, crianças, empresários, militares, polícias, donas de casa, vereadores ou intelectuais.

- ETA não é um grupo separatista, independentista, nacionalista, de liberação ou raio que os parta. ETA é um grupo terrorista que mata em nome de um estado marxista e proletário com moeda própria e com direito a entrar na UE, que utiliza métodos muitos próximos à Mafia e não tem escrúpulos em exaltar assassinos em actos financiados pelo governo basco.

E, finalmente, que hoje existam alqaedos que se rebentam nas Twins Towers ou em comboios cheios de trabalhadores, nunca deve esquecer o Governo espanhol que as negociações de paz estão condicionadas à renúncia incondicional e imediata da ETA à luta armada. Assim o exigiu o Parlamento quando autorizou as negociações de Zapatero com ETA e assim o exigem as víctimas do terrorismo, a quem ETA deve pedir perdão. E já."

in Rititi

22.3.06

soy el infiltrado!

é meio meio!

a duas horas da entrega

a duas horas da entrega

Num atelier de arquitectura, está-se a duas horas da entrega, geralmente durante umas doze horas ou mais. O mesmo é dizer que me faltam umas cinco horas mais de trabalho metidas pela noite dentro. Pelo tanto, dispara a mente num sufoco, que não pode o corpo disparar com o objecto de disparo primogénito.

21.3.06

a duas horas da entrega

que-ésse-tê-érre-éssé-ésse-filho-da-puta

primavera - ei-los!

Saudando o deleitoso equinócio, recebo de braços abertos e semblante desdobrado a providência não divina. O êxtase comsumado do desacolchetar, ontem anunciado nem pelo anjo nem pelo arcanjo, senão do telefomóvel, o banjo. A notícia do vindouro provir de dois vera primos para o seio da família.

primavera - ei-la!

Record

Sair do ofício à uma-e-tantas da maña para regressar antes mesmo do sol se despertar.

Egotismo - Escatologia

do Gr. skór, skatós, excremento + lógos, tratado s. f., tratado sobre os excrementos. do Gr. éschatos, último + lógos, tratado s. f., parte da Teologia que se refere às coisas que deverão suceder no fim do mundo.
(porque eu adoro cagar. sentar. ficar ali horas a ler.)

18.3.06

Brigada Anti-antitabagista V

"No seu octogésimo aniversário, Bertrand Russell ofereceu um conselho típico de longevidade. Recomendou "um hábito hilariante de controvérsias olímpicas", que nos mantivesse ocupados e longe de todo o tipo de excessos - excepto fumar."
Desde já, um aplauso. Isto não começa nada mal.

Noite blogger.com

Eis que amigos, conhecidos e inclusivamente família se encontram em Madrid. Eis que num encontro de gente distinta se encontra um ponto amplamente comum que é, senão outro, que os blogues. Quando escreves? porque escreves? guardas posts? quais lês? quando e porquê? E o blogue do Zé, que te parece? O da Rititi, do Lutz, da Maria Lua, lês? Olha, eu recomendo-te o do Sara que viaja, o do Tiago que dá sempre que pensar, o da Joana que escreve feita Oscar Wilde, ou o do Lourenço que é já um clássico e é o 'meu pai' bloguista... E o espectro que fechou? Enquanto o Daniel Carrapa e o Céu sobre Lisboa seguem a toda a vela? E lês os indefectíveis da direita? da esquerda? da política? das viagens? .... Entretanto, foi ficando tarde e este fim de semana, como vêm pela data deste post, é jornada de trabalho. Toca de recolha para seis horas passadas esperar o toque de alvorada. Foi assim, mais uma noite, na noite. A minha primeira noite de Quase Famosos. Ainda que sem DJ’s, nem musica. Lá chegaremos.

Caro blogger.com

A si, pelas falhas técnicas dos ultimos dias, pela falta de aviso aquando das mesmas e pelo gerado síndroma de mono de quem se quis volentamente drogar em blogueína e não pôde;
A si, uma grandessíssima vénia (de baldes de merda), um mostrar de cu (com pêlos), e ainda o mais asqueroso virar de costas (batendo com a porta);
A si, por um dia, toda a ingratidão.

17.3.06

Homem Moderno

O já eterno e poucas vezes terno conflicto entre saber tudo sobre coisa miúda, ou saber apenas coisas miúdas sobre tudo.

16.3.06

Condição: Arquitecto VI

(ou da condição da relação com os engenheiros num projecto em que deles se depende)
o que é hoje verdade, é mentira amanhã.

Os Homens e os Minetes

O tema uma. O tema duas. O tema três vezes. Até q’um gajo se chateia e entorna o caldo. Ó minha cara pipoca, desculpe-me a moléstia mas já se vinha impondo o contraditório. Eu, que ando bem ocupado, pedi a um amigo, a sua opinião e respondo-lhe hoje, com as suas palavras, de um outro dia:
Nota - Tenha a liberdade e a vontade de discordar
"Minha Cara (pipoca),
Tenho, sinceramente, muita pena de si...
Em primeiro lugar, tive a pena de constatar que só se sentiu realizada, ou minimamente realizada, em 20% dos minetes que lhe fizeram. Concordo consigo quando diz que os homens devem perguntar às respectivas se estão contentescom o seu desempenho. Nesse caso, porque é que assume claramente que finge os seus orgasmos? Das duas uma, ou a menina nunca foi "comida" como devia, ou então, coitadinha, não tem mesmo jeitinho nenhum para o sexo. Nós, homens, também lhe podemos fazer, por exemplo uma estatistica de quantas mulheres são ou não boas na cama. Ou quantas fazem ou não, bons broches. O que nunca lhe vamos poder fazer é fingir um orgasmo. Isto, claro, se conseguir que atinjamos um.
Acredite que há muitos homens que perguntam às parceiras se estão contentes com o seu desempenho. E acredite também que a maior parte dos homens não teve que ler um manual para fazer bons minetes. Apenas teve que os fazer,uma e outra e outra vez. Só com treino se consegue melhorar a performance minha cara.
Em segundo lugar, informo-a que, caso ainda não tenha percebido, o que você está a fazer , muito simplesmente, é a aumentar o número de homens que pratica mau sexo. Você e as mulheres como você. Ora repare: se você finge um orgasmo de cada vez que está com um homem, em primeiro lugar, está a fazer com que o homem acredite que realmente percebe do assunto (Sim, há homens que nao percebem).
Em segundo lugar, está a fazer com que este mesmo homem, não se esforce o suficiente para agradar a parceira na relação seguinte.Penso que estamos ambos de acordo, quando digo que uma situação destas não é agradável, nem tão pouco desejável , certo?
O meu conselho, se o quiser aceitar, : Faça mais sexo!!! A sério, penso que você precisa. Mas faça mais sexo sem fingir orgasmos. Vai ver que a sua vida sexual vai melhorar exponencialmente, e excusa de se vir queixar para as revistas. É obvio que nem todos os homens lhe vão dar um orgasmo, ambos sabemos isso. Mas vão tentar, isso , eu garanto...
E já agora. Informo-a também que não é assim tão raro uma mulher pedir ao"querido" para fazer assim ou assado. Não julgue todas as mulheres por si,"Dra. Ruth" . Um Cordial abraço,
Miguel Sousa Tavares"

Serviço Publico

A todos os estrangeiros, jornalistas, embaixadores, advogados, estudantes, jovens e velhos trabalhadores que estejam no estrangeiro, com um teclado distinto do habitual ou simplesmente tenham que escrever, por exemplo, o nome do nosso (vosso, que meu não é) presidente da Comissão Europeia, Durao Barroso, uma dica de serviço público:
O TIL escreve-se (como eu o faço há quase um ano, e não custa nada!!) com CTRL + ALT + 4.

15.3.06

O melhor comment do mundo

"Gosto de ti. E de como escreves o que eu sinto e não digo..." da minha madrezita

K.A.F.K.A.

Café da Mañã XXVII

Quero três cafés e nem tempo para beber um deles. A cabeça de hoje segue cansada de ontem, e o espírito crítico aguça a veemência enquanto lhe definha o discernimento.

Ephemerís

esta já é o 200º bom vento

14.3.06

Lendo o post anterior,

ocorre-me que não se deveria escrever de cabeça cansada.

primavera - preliminares II

Com entrega de projecto a 21 do próximo mês, a Primavera terá este ano um aliado de peso à alienação das vontades e da concentração. Os dias que quedam até a essa ansiada data não prometem por parte deste vosso caro muita dedicação. É saber que quanto mais longe estiver daqui mais próximo estarei. Vontade constante de postar, vontade constante de não vos abandonar.
Agora, findas 12-horas-doze de trabalhinho, um grande deixem-se estar enquanto eu (ó guerreiro descansa, descansa guerreiro) as vou pirar.

13.3.06

primavera - preliminares

Primeiros verdes claros desbotam, as primeiras formigas brotam e as flores explotam. O vento muda de cheiro enquanto o Sol se atira de mais alto. É uma contagem decrescente mas não branda e eu vou querer estar na primeira fila quando chegar ao zero.

Febre Blogar

Quando se deixa de ver as coisas como elas são, para se passar a vê-las como poderiam ser escritas.

10.3.06

Benfica vs. Barcelona

A técnica da coração contra o coração da técnica.
Desde já, o jornal marca festeja a 'sorte' do enfrentamento, apregoando que saiu ao Barcelona o desafio mais acessível, o pior adversário.
Uma vez mais, lembremo-nos: Não há vitórias nem vencedores antecipados!!!
Posto isto: Venha de lá esse Barça! Até os comemos!

Resignação

Quis a sorte (ou o azar), resolução proposta ou eu entre espada e parede entreposto, que todos os meus documentos de legalização em Espanha, requeridos nas ultimas semanas, os recebesse na minha morada, na data de ontem. A mesmíssima data em que tomou posse o novo chefe de Estado da República portuguesa, do qual – amnésia selectiva, querida amnésia selectiva – não me recordo por ora do nome.

9.3.06

conflito interior

Enquanto perduram as horas de expediente, impõe-se a total dedicação ao lavor deste vosso camarada. Pois hoje, assim nao acontece: A cabeça acusa e recusa todo e qualquer ruído, o estômago nega-se a assimilar a mais sã das saladas; o intestino sofre e ânsia, sem se quedar mudo; os olhos fecham-se a cada período curto ainda que por periodos largos, as mãos lestas não e as pernas lânguidas sim, enquanto as demais partes do corpo que não me ocorre denominar bradam por um pouco de atenção sem a menor necessidade.
Se um Eu existir, para além da soma de todas as minhas pútridas partes, essa soma desejaria estar em qualquer outro lugar. Lugar mudo, horizontal e que não aquí.

Cantar de galo

Afinal também com o futebol se aprende. Com a noite de ontem reaprendem-se as relações de David e Golias de que está a vida cheia. Recordou-se que aos Davides deste mundo está reservado todo o espaço do mundo em potència. Querer é sempre meio caminho andado para acontecer, e se ao querer, se lhe acrescentar o saber, o transpirar e o suar, a acontecimento em potência pode efectivamente concretizar-se. Os Golias também poderam recordar algo. Recordar que a melhor arma não é a maior pedra senão a mais ágil. Recordar que a cada batalha, em cada momento e contra (ou com) quem quer que seja há que bater-se de início sem assumições de vantagem à priori. Isso se passou com o Liverpool (para não falar do Real Madrid...) que não entendeu antes, nem durante, nem depois dos dois desafios que como à mulher de César, não bastava ser melhor equipa, havia que demonstrá-lo. Sem suor, sem sangue e sem o querer, ficaram sem querer fora da liga da qual, há menos de um ano haviam sido uns heróicos vencedores. O Benfica atacou com somente duas pedras. Com a pedra de Sísifo que o Liverpool largou sobre a sua própria cabeça ao vir a Lisboa ‘fazer de contas’ que estava interessado em jogar à bola e com a pedra que detinha desde o início: 180 minutos a jogar o possível, aproveitando a mínima chance para acertar em cheio na presa. Eu gosto dos Davides. Gosto deste Benfica de peito cheio e sem medo e gosto de me sentir também de peito cheio pelo meu benfiquinha, gosto de ver a torcida do Real a culpar o mundo inteiro esquecendo-se antes de tirar o cotão do umbigo e gosto de ver Liverpool e ManUtd pelo caminho, tão reis de si que ficam sem reino, gosto infinitamente mais destes jogos a eliminar que a somar e gosto dos embates aparentemente desiguais, gosto de ver bola e gosto tanto mais de uma vitória quanto mais inesperada seja. Como ontem.Foi bom passar a eliminatória frente ao gigante, melhor passar com uma vitória, melhor sem sofrer e com um grande golo e melhor, muito melhor, aquele ultimo golo que já não conta para nada, a não ser para fazer lembrar de novo ao Golias que estava equivocado. Irremediavelmente equivocado.

12:25

Ontem, a esta mesmíssima hora, sonhava que dos céus caísse uma vitória do Benfica, hoje antes queria que caísse um (ou dois) Guronsans.

Café da Maña XXVI

Todos os dias seguintes são bons quando cumulativamente o Glorioso Alfacinha triunfa, e a Galáxia Madrileña definha.

8.3.06

Dia Internacional da Mulher

Neste dia dedicado por decreto à mulher, faço-lhes antes de mais a vénia devida.
A mulher, como o pai, ou a mãe, a árvore, os oceanos, ou o Natal não deviam ter um dia só deles.
Como diz o povão, seriam sempre que o homem -e a mulher por supuesto- o desejassem. Mas não. Vá de se lhes prestar uma data, que unicamente legitima aquilo que farei amanhã, dar luz verde ao escárnio, prioridade à chacota, passar as santas 24horas dizendo mal unicamente porque já não será o seu dia.

Condição: Arquitecto V

"Nunca existirão magníficos arquitectos, nem magnífica arquitectura, sem clientes magníficos." Edwin Lutyens

Mourinho vs. Barcelona - episode two

É prova não provada, que uma vez mais, teve de se recorrer ao vencedor futuro da competição para se derrotar o vencedor antecipado da mesma. Ainda assim, aqueles que, como eu, estivessem pelo 'patriotismo' da vitória de Mourinho, saibamos reconhecer (pouca margem de duvidas haveria para defender o contrário) que este Barcelona está nestes momentos jogando o melhor futebol do mundo. Reconheçamos de igual modo Deco, que é uma das cinco estrelas do Barça e quando não, joga de quinas ao peito.

7.3.06

Café da Mañã XXV

Hoje não houve. Papéis. Muitos papéis. E ainda mais papéis. Parafernália deles. Finanças, serviços de estrangeiros, seguranças, sociais, pessoais, policiais, moradas confusas, mais moradas, fotocópias, empresta-me a a caneta sff, fotografias tipo passe, e mais a pega que os pariu.De tanta desmesurada utilidade, a confissão absoluta e sincera de que quanto mais uteis são estes papéis, mais eu os sinto inúteis. A confissão que quanto mais papéis e maior burocracia, maior é, hoje como sempre, o meu recondito desejo de anarca, apátrida ou desertor.

6.3.06

Óscar

...nunca mais é Sábado...

Crónica Antigua (excerto)

" (...) Tal vez en verano , o a principios del otoño. Por ahora lo que poseo es fluctuación vaga que no cristaliza ni cobra sentido. Leo más, me siento, me levanto, me aburro. La culpabilidad sin motivo de costumbre. La dueña del restaurante me deseó un buen fin de semana. Le pregunté - ¿Tuvo alguna vez un buen fin de semana? y se quedó meditando, como quien investiga. Había dos perdigueras en la acera, madre e hija. (...)"
António Lobo Antunes/El País/ Sábado 4 de Marzo

3.3.06

Rititi'06|Lisbon'Tour

“Companheiro, sempre quiseste saber porque as mulheres vão à casa de banho aos pares, curam a dor de corno com chocolate e filmes de Barbra Steisand? (…) E tu, camarada amiga, és das sonham por compreender essa necessidade masculina de coçar os tomates em público e ainda ninguém te explicou?” “Se te intrigam todas estas trepidantes questões da natureza humana, não faltes dia 3, na Almedina,”
.2006-03-03/19-00/CCAtrium/Saldanha/Hoje/portanto.

Café da Mañã XXIV

E hoje, para aliviar a carga pela maña, o acordar cedo, cedo; duchar-se rápido, rápido; vestir-se em 2 segundos, segundos; sair de casa sem pensar, pensar.
Apanhar o metro em direcção contrária, só porque sim; procurar um jardim porque talvez apeteça; comprar um jornal para pô-lo em cima da mesa, sem o ler; e, por fim, perna esticada enquanto o vento matutino passa forte e não feio, jornal poisado sobre a mesa, um croissant simples, nem misto nem de chocolate, café com leite com muito açucar e um respirar fundo porque de maña sabe ainda melhor fazê-lo.
Respirar sempre fundo, como se fosse a ultima vez que se o faça antes de levantar o cu, direcção-trabalho, e lembrar-se o que ainda não se havia esquecido; lembrar-se que há coisas boas. Nem especiais, nem caras, nem impossíveis. Coisas simples e boas para começar de forma diferente, os dias sempre iguais.

2.3.06

A sina do síndrome

Ele há dias assim.
Dias em que o síndrome de segunda-feira se manifesta em todo o seu fulgor numa quinta.
Dias em que sem se saber como nem porquê os pés acordam de fora.
Dias de em que, consciente desde cedo da iminente desgraça, me ponho a um canto, tentando passar despercebido, tentando minimizar as consequências de tão desconfortável causa.
E é então que nos dias assim, o síndrome encesta a sua perseguição; põe-nos tudo no encalço, sobre a mais significante ou irrelevante matéria, arranja processo de nos obrigar a emitir opinião; sobre o trabalho adiado todos os dias, encontra processo de o fazer urgir; do email nunca respondido, impele-nos a voragem das palavras incontidas.
Nos dias assim, em que os pés acordam de fora, não há volta a dar-lhe, não há meio de arrepiar caminho, não há belas. Só senãos.
Não sair da cama, enquanto os pés não encolhessem ou a cama não esticasse, seria tão certamente a melhor opção, que o belo do síndrome, sem hesitações, trata de o tornar absolutamente inexequível.
Então, e enquanto nao é amanhã, esqueçam-se, por favor, de se lembrar de mim.

1.3.06

Condição: Arquitecto IV

“ ... considerarei um arquitecto aquele que, com método e um procedimento seguro e perfeito saiba projectar racionalmente e realizar na prática, mediante a disposição das cargas e a acumulação e conjunção dos corpos, obras que se submetam perfeitamente às mais importantes necessidades humanas. Tal fim, requere conhecimento e domínio das melhores e mais altas disciplinas. Assim deverá ser o arquitecto.”
León Batista Alberti