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31.7.06
Foi longa a maratona enquanto verdadeiramente penosos estes momentos finais durante os quais inclusivamente vos abandonei. Agora, findos poucos minutos do cruzar da linha de meta de mais este desafio (convenhamos que não na primeira posição), não hesitarei em seguir o desejo supremo e exclusivo de desligar este maldito monitor e abandonar de mãos estas teclas.
29.7.06
Condição: Arquitecto XVI - (diálogos sushiloverianos)
- deixa-me adivinhar que andas como eu? isso entrega-se quando?
"aaarrgggghhhghjhgj
hmpf
blrrreelllhheeeccccc
@@@££££#####&&&&!!!!!!!!!!!!!!!
[tradução: a entrega é na segunda]
onde ONDE estávamos nós c a cabeça qdo tirámos este curso meeeerrrddooossssoooo?
andré, andré, tenho tanto medo de ficar vidrada nisto... que se esqueçam de mim, que eu me esqueça dos outros, que me esqueça que há tanta vida para além do rato, já não vejo amigos há tanto tempo e não estou no japão
estou cansada... não só do trabalho. da correria desta cidade, desta vida, tentando atender a tudo e todos, no fundo, esquecendo-nos de nós próprios. estar c a familia, os amigos, o namorado, trabalhar 9 horas diárias, fazer desporto, arrumar a casa e resolver burocracias... e o que nos resta? é uma lobotomia prolongada, sinto-me a estupidificar, não tenho tempo, concentração para pensar, criar, reflectir, é tudo para a frente a manter uma máquina que eu não entendo e no fundo não interessa
é pá estiquei-me agora... pronto estava para dizer isto a alguém saíste-me na rifa
desculpa.
eu estou bem, estou feliz, é uma fase má, talvez esteja a precisar de férias."
-Estamos todos Sarinha, estamos todos....
Saudações solidárias a quem, como eu, a Sara (e já agora o .G que como é arquitecto por ora também grita), não vislumbra ainda as férias.
P.S. - Partilho estas inconfidências porque nos ultimos dias era só o que queria ter escrito e nem para tão pouco tive tempo...
18.7.06
Era uma vez... (nos tempos d'agora)
"...era uma vez um rapaz que perguntou a uma linda moça:
- Queres casar comigo?
Ela respondeu: - Não!
E o rapaz viveu feliz para sempre, foi pescar, jogou futebol, conheceu muitas outras miudas, visitou muitos lugares, estava sempre a sorrir e de bom humor, nunca lhe faltava dinheiro, bebia cerveja com os amigos sempre que estava com vontade e ninguém mandava nele."
FINAL FELIZ.
17.7.06
enfermo ou o estado do ente
Ao dealbar do ano, foi nos pés. Incómodo tremendo e vai pomada antes de banho e banho com gel, e gel nos pés e o camandro em frasco. Desde a maldita pezada o corpo não tem modos de.
Respiro mal; tusso muito, tusso forte e tusso forte e feio; assoo a narigueta, ponho pingos e xarope e anti-inflamatórios e vitaminas; Muitas. Em líquidos, trincáveis, e pó e só me falta o dito nas veias. Vitaminas e proteínas e sais e coisas mais que, tanto parece, o corpo apodrece sem razão obrigatória mas com vontade indómita.
Perdi-lhe o controle:
Queixa-se por tudo e sobretudo por nada. A cabeça volta-e-meia e mesmo sem voltas, quando quieta a fio, diz que dói. Dói à volta e nas fontes e por trás e onde fôr que se lembre. Queixa-se o músculo daqui e da-coli e queixa-se o osso, a cartilagem, o fígado e o sobretudo o pulmão, anda mesmo armado em esperto.
Ocorreu-me pôr anúncio nos classificados: Troca-se caixa toráxica ou coisa-que-o-valha. Dá-se laringe sã. Procuram-se dentes que trinquem e olhos que se não cansem. Dá-se de boa vontade um corpo inteiro, belo e esbelto por fora, enquanto podre por dentro como a maioria das nozes que sempre me cabem abrir.
Hirra-Xiça-Cócó-Ranheta-Facada.
Um dia que já lá foi, nestes trâmites do queixume estava quando o atacador se lembra de desafiar o outro pé: Pôs-se-lhe debaixo, ou por cima ou ao lado ou como foi, que não sei, não me recordo e quase fico com raiva de quem souber e zás-pás. Rasteira maligna, complôt entre as partes que restavam da minha maldita inércia carnal e patas no chão; canela na mais afiada esquina, cornos na parede e sangue na calçada. Foi assim, que pela terceira vez num ano, dei entrada no escritório: com cabeça atada de luta, simples ou elaborada queda ou mero descontrole de quem perdeu o fio e o pavio ao seu próprio navio.
15.7.06
14.7.06
Vem a guerra, vai a guerra, fica a terra.
Segundo a proprietária era hoje, não passava d’hoje. Passadas nove horas com o canalizador, telefona-me, triunfal: -André, cariño, já está! Agora só falta chamar um pedreiro para repôr as losas do chão da cozinha e as tarimbas de madeira da sala.
o moço
O moço tá louco.
Primeiro viciou-se na minha irmã (pelo menos é o que confessa e é como nos engana), depois pouco a pouco, juntos ou separados foram-se viciando na vida que jamais poderia ser a minha: uma vida de natureza, desafio e aventura ou seja, poucos copos, muitos horários, muitas manhãs e menos orgia social; a vida ordenada e aventura nas horas vagas enquanto eu opto por outras aventuras numa vida sem horas vagas.
Volvamos ao moço: eis que de desafio em desafio, chegou à vez do passo em frente (que é o que não convém fazer a partir daqui). O moço despediu-se, disse –hasta luego!- ao lavor e ao labor e entregou-se a cumprir outras metas.
Nesta semana, nada mais, nada menos, atirou-se de cabeça a subir o Mont Blanc com os pés, com o nosso afamado João Garcia.
Bom, bom, pelo menos para nós, é que o moço mantém o blog que criou aquando das aventuras na Patagónia argentina e nos andes chilenos e a aventura tem sido daily reported na net (estão por conhecer-se em detalhe os trâmites logísticos que permitem que o homem poste desde um glaciar perdido nos Alpes...), naquela que é certamente a primeira grande escalada em directo da blogosfera portuguesa!
Tudo na patagónia.
13.7.06
¿por onde é que tu andas?
Guerra Fria. Sessenta anos depois da ultima Grande Guerra, faço o roteiro de países percorridos no continente que tanto gosto de apelidar meu. Quase inacreditável é a forma como em quinze anos de viagens o que mais ressalta sejam os ex-blocos políticos. As cisão Leste vs. Ocidente. Esquerda vs. Direita.
P.S. - Despontam a Russia e a Turquia. Dois ensejos passados de incursões espias...
pesando a vida airada
(...) do Sol, da superstição, do gato da mesa da cozinha na casa da avó, da pedra fria do passeio, ora negra, ora branca, do olhar o céu pela manhã, ou de baixo, ou de soslaio, o de comprar o jornal para não o ler, plantar algo só para ver crescer, cozinhar muito não para comer senão para encontrar o trago justo, sorrir simples como o sorriso do velho que passa, da criança que descobre o andar ou da mãe solteira que nos sorri também ao passar, pregar sustos, muitos sustos, a quem por nós passa e se não conhece e mais à empregada que serve a mesa do lado, encher de compras um carro delas com tudo de mais caro, ou de mais guloso, ou uma coisa de cada ou todas coisas do mesmo, mas sobretudo deixar ao abandono as compras antes de as pagar, e repetir com dois carros, três, e querer justificar-se com a loucura inconsequente, incómoda, desejar ainda mais loucura senciente e desejar mal a alguém, ou a um país, ou um governo, porque do pensamento não discorrre acção, querer os amigos perto, mais perto, mais perto, cheguem-se bem, dar beijos e abraços e perder-se num vinho, dois, ... e lacrimejar bem alto em publico, levantar-se sempre num pulo e responder ao primeiro pássaro da maña, fazer um desvio para cumprimentar quem nunca antes se viu e consentir-se sempre mais e melhores coisas sem sentido. (...)
viver comigo
"As observações e as vivências do solitário que só fala consigo próprio são simultaneamente mais indistintas e intensas do que as do homem social e os seus pensamentos são mais graves, mais fantasiosos e nunca sem uma coloração de melancolia. Imagens e impressões que outros poriam naturalmente de lado após um olhar, um sorriso, um comentário, ocupam-no mais do que é devido, tornam-se profundas no silêncio, ganham significado, transformam-se em acontecimento, aventura, emoção. A solidão cria o original, o belo ousado e estranho cria a poesia. Mas cria também o distorcido, o desproporcionado, o absurdo e o proibido. "
Thomas Mann, in 'Morte em Veneza'
12.7.06
Café da Mañã XXXVI
e aos dias mil num país que não é o nosso, numa cidade que também não é a minha; a necessidade de um canalizador. É nesse dia mil, e o dia mil e um e todos os quinze que se lhe sigam que o gajo diz que vem, mas nunca chega a fazê-lo. Mientras, a gente espera enquanto os pratos sujos desesperam e a roupa com nódoas à la anuncio parece que se multiplica.Os canalizadores, bem-os-haja, são depois do Ministerio de Hacienda, e dos ladrões da Segurança Social, a minha determinante porta de entrada num país que quer queiram acreditar, quer não, é em demasiadas pequenas coisas, exacta e qualmente igualinho ao nosso; ou seja: um desespero!
11.7.06
What's in a word
Um tipo contradiz um "direitinha" (ui, partimos louça) e de Portugal vem logo a indignação. Trinta e dois anos depois, cismas por galgar? Revoluções sociais que quem nos governou por dois mandatos e meio e agora nos presidirá por mais cinco nunca soube plantar. Socialmente (re)activos, sejamos então. É tempo.
amor definhado
(...)
era explêndido o tempo quando ainda se entendiam...
Foi muito antes de se não conseguirem ver, muito antes da menopausa dela, muito antes dele pouco a pouco ter descuidado todas as suas amantes.
Nesse áureo período, habituaram-se mal a entenderem-se bem e quando por fim o amor porfiou nao ficou outro remédio que não o de passarem a odiar-se com toda a mesma glória que antes utilizavam para acordar os vizinhos em loucas noites de sodoma.
(...)
Zidane, o terrorista
O meu amigo Lourenço cortou os comentários no seu blog (ó direito, legítimo direito, para que serves?!?) e não fôra esse corte e este texto era lá que se escreveria.Assim sendo tão somente manifestar a minha opinião (ó opinião, legítima opinião, para que serves?!?) de que apelidar ‘esquerdalhada’, assim como ‘caralhada’, ‘palhaçada’ ou demais ‘…alhadas’ não me parece, caro amigo, vocativo que assente a alguém do seu estatuto. Controle pois, sugiro, essa agressividade que desponta…
10.7.06
...e recordar é viver
"Nunca andes pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros foram. "
Alexandre Graham Bell
7.7.06
El viento a favor
"Si ya no puede ir peor / haz un último esfuerzo / espera que sople el viento, a favor / ya sólo puede ir mejor / y está cerca el momento / espera que sople el viento, a favor / / / otra vez te has vuelto a equivocar / y siempre piensas: la culpa es de los demás / y no tienes más remedio / que, de nuevo, empezar / otra vez la has vuelto a fastidiar / siempre tienes que quedarte atrás / todavía te queda un buen trecho / y les tienes que alcanzar / / / otra vez fuera de lugar / siempre estás dónde no debes estar / muy cerca o muy lejos / no estás atento y se vuelve a escapar / otra vez perdiste tu oportunidad /siempre efrentandote y al finalvencido por el miedo / caes al suelo y te dejas pisar / / / Si ya no puede ir peor / haz un último esfuerzo / espera que sople el viento, a favor / ya sólo puede ir mejor / y está cerca el momento / espera que sople el viento, a favor" / / / Enrique Bunbury
6.7.06
Por-Tu-Gal-Alé-Alé
Vão aparecer agora fazedores de conceitos, inventores da tese, gurus da foot-bola: que não jogámos bem por aqui e por acoli, e pelas bandas e pelas alas; que não mereciamos porque o Carvalho é parvo, o Scolari brasileiro e a mentalidade é tuga; que a culpa era deste, daquele, do Pessoa ou do Camões. Que a bem dizer não foram agora enganados como não são nunca ou porque já sabiam, ou porque já sabem ou porque sempre adivinham antes dos outros, porque são uns sabichões. E blá e blá e blá blá blá.
Pois eu não.
Acreditei. Gritei. perdi a voz, a compostura e o tino: O suor escorreu-me pelas costas como se fosse o Maniche e as cãibras chegaram-me ao mesmo tempo que as do Miguel. A quinze segundos do final permanecia absolutamente convicto que iamos marcar e só quando o apito final suou e os franceses ao meu redor suspiraram aliviados e ergueram victoriosos os braços me apercebi que algo (nem sei bem oquê...) havia ocorrido mal. Só aí baixei os braços, calei o pio e fui-me triste e desalentado, mas de peitaça cheia e inflada de bandeira bem exposta por entre histéricos 'Allez les bleu' sem perceber o que haveria passado.
Foi bom. Obrigado rapazes!
5.7.06
Este ainda não é um post sobre bola
mas sobre o que hoje se lhe antecede;
ou engulo de um trago só uma dose inteira de valeriana ou teremos ainda antes de começar a bola, que notificar os pais de um português em Madrid de um grave acidente cardiovascular.
Porque é que o blog agora é verde?
(perguntam-me insistentes em mailes inoportunos)
- É verde porque um dia me apeteceu vê-lo com outra cara. E é verde porque ainda nao chegou a hora do azul, do bordéus ou do verde-garrafa...
Café da Mañã XXXV
"(...) Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos. " Miguel Sousa Tavares
4.7.06
as vidas de C.
"O primeiro me chegou / Como quem vem do florista / Trouxe um bicho de pelúcia / Trouxe um broche de ametista / Me contou suas viagens / E as vantagens que ele tinha / Me mostrou o seu relógio / Me chamava de rainha / Me encontrou tão desarmada / Que tocou meu coração / Mas não me negava nada / E, assustada, eu disse não. / / /O segundo me chegou / Como quem chega do bar / Trouxe um litro de aguardente / Tão amarga de tragar / Indagou o meu passado / E cheirou minha comida / Vasculhou minha gaveta / Me chamava de perdida / Me encontrou tão desarmada / Que arranhou meu coração / Mas não me entregava nada / E, assustada, eu disse não. / / / O terceiro me chegou / Como quem chega do nada / Ele não me trouxe nada / Também nada perguntou / Mal sei como ele se chama / Mas entendo o que ele quer / Se deitou na minha cama / E me chama de mulher / Foi chegando sorrateiro / E antes que eu dissesse não / Se instalou feito um posseiro / Dentro do meu coração" / / / A TERESINHA, de Chico Buarque
MAHLER, Gustav
Quando a cabeça estremece com o caos instalado, o refugio em Mahler, e na sua 5ª Sinfonia pela filarmónica de Berlin sobre a direcçao de Herbert von Karajan. É assim que durante uma hora e treze minutos do dia apetece efectivamente existir.