30.6.05

Ventos Continentais

Ontem mesmo, em conversa com outros madrileños de adopção, contudo de mais longa data, irrompeu a questão que a ausência de mar / água esteja directamente relacionada em Madrid, com o fenómeno do stress constante (esse já o ia sentido) e, por consequência, com neuras e depressões profundas e sazonais. Fico expectante quanto à veracidade destas afirmações mas não desminto que, a sê-lo, é verdade que não me seduz e de certo modo me atemoriza. ...sente-se por vezes uma claustrofobia, um desejo de alargar as vistas, extender até a uma qualquer linha de horizonte o pensamento, porém, essa é linha que, por aquí, jamais existe.

Manifesto Salubre ou o alívio de uma mãe preocupada

Uma canja de galinha, salada mediterrânea e um bife vaca de 300gr. Uma – duas – peças de fruta e sumo, também de fruta, a acompanhar.
Lavar dentes e deitar.
Cedo, para cedo erguer.
Erguer cedo.
Cereais Muesli, café com leite, sumo de laranja natural e ainda uma maçã. Lavar as partes baixas, as altas e os dentes. Sair de casa a horas, chegar ao trabalho quase ontem e escrever um post prometido. Aliviar uma mãe preocupada. Sentir um sorriso de felicidade e de dever cumprido. Começar o dia de trabalho, como a bela adormecida, assobiando no bosque.
Ohhh, yeahhh! It’s good to be wealthy and alive!

Café da Mañã II

Malasaña é o Bairro Alto cá do sítio. Vem nos guias, não sou eu que o digo que para mim, não há como o Bairro Alto - ou como a Rua da Misericordia, a acabar no rio... É verdade, contudo, que se faz barulho de noite. Será seguramente por isso, que as golondrinas lá do bairro se despertam de alvoroço, antes do cantar do galo e se lançam em voos loucos a meio metro d’A minha Janela. Pego no café, debruço-me, e assisto cada dia encantado a esse gracioso enaltecimento de mais uma mañã. P.S. – fica prometido para o dia antes das calendas um post sobre A minha Janela. É que não há como ela

29.6.05

Prova Superada e o Direito de Regresso ao Lar

Mãezinha não t’aflijas

Fica desde já, prometido para amanhã, um post de vida saudável!

Tempestade

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii Era meio dia e meia quando hoje cheguei ao atelier; um silvo contínuo atravessa-me o cérebro, fazendo-me desejar estar em qualquer outro local que não aqui e agora, trabalhando. Só faltariam 228 minutos. É que hoje saio às 19h30. Já decidi. Contudo, o relógio, não sei como, parece que descobriu o meu alto nivel de perturbação, e insiste em fazer com que, hoje, cada minuto demore uns quatro. Será um paradoxo temporal ou simplesmente lentidão cerebral? Que calvário! Tortura! E entretanto chegaram hoje os desenhos todos do engenheiro (um tal de António, de Lisboa) para o parque de estacionamento e coube-me a mim a tarefa de revê-los todos!! Socorro! ...maldita cerveja...

28.6.05

Ciclone

08:00 toca o telemóvel - o despertador está de birra e recusa-se a tocar em España... 08:45 merda! puta de vida! deixei-me adormecer de novo! 09:00 merda! merda! Acabou-se o shampoo! ponho sabonete que dá igual. 09:05 merda! merda! e merda de novo! estas horas e já estão 30º! Visto a tanga e basta! 09:15 desayuno: chocapic da tanga, sumo de laranja da tanga e dose tripla de café Delta para ver se a pestana abre 09:45 vestir o que falta e pisgar 10:30 chego ao trabalho - os outros já chegaram às 9:30 e aos buenos dias respondem buenas tardes; que se lixe! amanhã chego a horas 14:30-16:30 hora de comer: 1ºprato, 2º, sobremesa, vino, três cafés, mais vino. O almoço por aquí é o mais sagrado ritual... eu, com as previsões económicas em baixa, vou de sandocha e já tá; ..sobra hora e meia de siesta num parque qualquer 19:30 (em ponto). o atelier esvazia num ápice. hora de cañas. há que nao perdê-las. eu, economia, economia, fico mais um pouco 21:00 ala para casa. o Sol foi-se. Melhor assim; mais fresco! 21:45 começar a cozinhar 23:00 acaba-se a comezaina. refastelar. A loiça lavo amanhã 23:30 dar um passeiozinho só para não morrer estupido. demoro meia-hora, prometo a mim mesmo 23:35 encontra-se o primeiro folião conhecido - até à 1:00 é a uma média de um, cada cinco minutos 01:00 tenho de ir para casa - Ok - bebo mais uma 01:30 tenho mesmo de ir, vocês não compreendem, o trabalho, não posso chegar atrasado! 02:00 ...mudámos de bar, o outro fechou. 03:00 chego a casa. falta ainda esperar meia hora, de tanga, a ver se refresco quando passar uma aragem 03:30 apagar a luz e tentar estabelecer as prioridades para amanhã. Antes disso, adormeço. Sem estabelecer. Que se dane. Amanhã se vê!

Café da Mañã

No metro, vejo 54 pessoas. 31 (trinta-e-uma)! estão de head-phones. Contei-as eu.

27.6.05

Era um Ermo

Nao existe neste terra um processo de não ver nada. Nesta capital europeia - ¡a unica sem agua! - não há forma de tomar a iniciativa de se ir ver o horizonte, descansar a vista; ficar de olhos abertos, em paz, olhando o nada. Essa é, até agora, a mais firme razão que encontro para justificar tanta acção: Um teatro, mil teatros; um cinema, mil cinemas; um bar, mil bares; e festas, sempre mil festas; sempre uma mais mil, ao jeito das noites de Bagdad (essas, mil e uma). A cidade-natura jamais se cumpre e é na vida das gentes que a cada segundo se revela tão grande urbanidade. A tão conhecida ‘movida’ de Madrid não é mais, que a consequência inevitável que se gera ao colocar mais de cinco milhões de pessoas juntas, num local inicialmente distante de toda e qualquer coisa de mais pequena, irrelevante ou absurda importancia. Em Madrid, quis-se construir uma cidade, e a vontade foi coisa suficiente. Para mim, que como o Outro, sou ‘homem que gosta(va) de cidades’, é uma sedução ver como sim, é verdade, são estas as mais deliciosas construções humanas.

24.6.05

Carta de Apresentação

Alô Mundo. Alò Pátria Lusa. Alô Povo Portugués. España te convoca. Chamo-me André e tenho aquela idade em que não sendo ainda um crescido, não sou também uma criança. O mesmo é dizer que por burocracias várias do destino sou já um arquitecto ainda que não seja ainda arquitecto. Chama-se-lhe Estágio, por aquí, se lhe chama de Praticas. O passado em conspiração maquiavélico com o presente e com o absoluto desconhecimento do futuro ofereceram-me emprego em Madrid como arquitecto, sendo que, todavía, isso em Portugal me vale como Estágio. Nada mal. Aquí, a vida descorre e os minutos passam, passam sem deixar uns livres para os contar. As tarifas de contacto com Portugal são em euros e não mais em escudos e a saudade, inevitavelmente é uma das primeiras vítimas de tamanho logro económico. Assim, em tentativa desesperada que as minha bem-amadas origens nao me olvidem, me lanço nesta epopeia já antes degustada de me revelar a cada dia, ou noutro intervalo que seja, a vós, caros compatriotas, concidadãos, confamiliares, conamigos e demais con’s que não se queiram emiscuir. A todos, um sincero benvindo a bordo!

Haver

A ver se (de novo) isto me pega... A verdade é que de hábito Se pega (como mania) rápido e se antes me sobrava tempo agora apenas vos envio vento A ver se pega...