Era um Ermo
Nao existe neste terra um processo de não ver nada.
Nesta capital europeia - ¡a unica sem agua! - não há forma de tomar a iniciativa de se ir ver o horizonte, descansar a vista; ficar de olhos abertos, em paz, olhando o nada.
Essa é, até agora, a mais firme razão que encontro para justificar tanta acção:
Um teatro, mil teatros; um cinema, mil cinemas; um bar, mil bares; e festas, sempre mil festas; sempre uma mais mil, ao jeito das noites de Bagdad (essas, mil e uma).
A cidade-natura jamais se cumpre e é na vida das gentes que a cada segundo se revela tão grande urbanidade.
A tão conhecida ‘movida’ de Madrid não é mais, que a consequência inevitável que se gera ao colocar mais de cinco milhões de pessoas juntas, num local inicialmente distante de toda e qualquer coisa de mais pequena, irrelevante ou absurda importancia.
Em Madrid, quis-se construir uma cidade, e a vontade foi coisa suficiente.
Para mim, que como o Outro, sou ‘homem que gosta(va) de cidades’, é uma sedução ver como sim, é verdade, são estas as mais deliciosas construções humanas.
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