11.1.06

Brigada Anti-antitabagista II

(indiscutivelmente) Uma das maiores vitórias da humanidade sobre as outras espécies, é a descoberta do parazer. Frívolo, inconsequente, desnecessário. Ainda que. Saber que existe sempre uma relação inversamente proporcional entre aquilo que nos faz bem e aquilo que nos dá prazer (com a excepção do amor e as demais excepções que apenas confirmam a regra), e ainda assim, seguir os trilhos do prazer, contra-norma, e cheio de contra-indicações. Nelas se inclui o vinho, a poesia, o cinema, o sexo, as perguntas frágeis que não pretendem resposta, o insurgimento, a comida farta, a vida fora de horas e a vida sem horas, o chocolate, as prendas, a casa cheia de flores, o brilho do ouro per si e o ouro embelezando (ainda) mais uma mulher, a expectativa, a velocidade, a caça, etc. e naturalmente o tabaco. Por isso, nesta noite sonhei com a cidade do bem. A cidade do bem infalível, sem prazeres terrenos, sem luxúrias nem pecado. Nela, cidade de sonho, cidade ideal e imaculada, o sorriso havia morrido há mais tempo que o mais velho homem, e o suicídio era a mais habitual das causas de morte. Nela, cidade desejada, o desejo havia definhado e a cada dia se sucedia outro, sempre, e desta feita sem excepção, mais ténue e sombrio que o anterior.A cidade sonhada por mim esta noite, era a mesma cidade sonhada, desde os primóridos, por Mani do qual se sabe, que tal como os outros homens, morreu. Não do pecado, mas de tristeza.