Café da Mañã XV
O café de sempre e de todos os dias fugiu-me inesperado entre os dedos.
Onde está o pedinte de boné do F.C.P., onde está a loira da cafeteria, sorridente -olá, buenos dias., onde se meteu o gajo do saxofone pérfido da entrada do metro?
Onde se meteu o velho da taluda? Que será feito da gorda do quiosque que sempre refila quando folheio os matutinos?
A casa de um é muito mais que a morada em que se recebe o correio. É ter de aturar aquele vizinho de baixo e não outro, é cruzar-nos na escada com os nossos vizinhos e não outros, é o ir às compras no mercado do nosso bairro e não ao de outro.
Tal e qual, como na mágica frase do Pingo Doce, ter os seus, sítios do costume.
É ter um café, e sabê-lo seu.
Um café qualquer, porventura a pior tasca do bairro mas saber que nele se entra e, sem fazer o pedido nos servem o que pediriamos.
É nele ter o sítio do costume a cada dia.
Mudar de casa, é alterar por consequência, não necessariamente ansiada, todos estes hábitos que tornam a cidade de todos, um cantinho só nosso.É o café da mañã, todas as manhãs, no sítio do csotume.
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