4.4.06

as vidas de C.

(...) andou por este blog um tal C. que se fez desejar perguntando se continuaria e acabou não o fazendo. Contudo, entretanto, e enquanto C. esteve hibernado, eu fui-lhe dando vida, querendo para ele algo que também queria para mim ou, pelo contrário, desejando-lhe males que espero nunca me acontecessem. Foi desse modo que C. se tornou nos ultimos tempos um amigo inseparável, alguém que me ajuda a ver e a querer as coisas da mesma forma de sempre mas com uma preserverança de nunca antes. Nas vidas que lhe fui imaginando o traço fundamental de personalidade de C. era sempre o mesmo: o do Homem na Cidade chocando incessantemente com o Amor. O do Homem cheio de Amor para dar, o Homem que sente não conseguir dar sequer um passo mais sem dar esse Amo, o do Homem que crê (como eu) que não existe uma hora certa para o Amor ou a Mulher da sua vida lhe passar diante dos olhos. C. é o Homem igual a nós todos, com a delicada diferença que C. vive as coisas não como aconteceram senão como poderiam (e segundo C., como deveriam) ter acontecido. A trilogia: O Homem. O Amor. n’A Cidade C. é um Sara Jessica Parker, mas muito mais . Primeiro porque não é necessariamente belo, segundo porque não busca necessariamente o sexo, terceiro porque prefere amar a ser amado. C. é também um pouco da minha voz que diz que o teatro, o cinema, a fotografia, a escultura, a colagem, a intervenção, ... não são mais do que a mera rotina que nos concerne: a rotina do supermercado, do metro, da bomba de gasolina, da fila nas finanças, do mercado de flores, do café do bairro ou do local de emprego. Porque o Amor e o Desejo existem C. é a partir de hoje o novo e, espera-se, digno, incorrigibile romanesque deste blog. (e) para que se acredite que C. existe e está em todos nós, os próximos dois textos, são de C. e nem são meus...